Já o desenvolvimento
sustentável visa minimizar o máximo de danos causados ao meio ambiente,
inclui-se aqui seres vivos e não vivos. Essa forma de desenvolvimento exige um
baixo nível de consumo de recursos não-renováveis para que as gerações futuras
possam também acessar estes recursos (CNMAD, 1988). O relatório explicita que a
pobreza acentua as desigualdades e crises porque “[...] muitos dos problemas de
destruição de recursos e do desgaste do meio ambiente resultam de disparidades
do poder econômico e político” (CNMAD, 1988, p. 50). Ou seja, as populações mais pobres por não
possuir capital econômico e político ficam à mercê das decisões tomadas por um
pequeno grupo, estas decisões na grande maioria das vezes não abarcam os
anseios dessas comunidades.
Usamos como
exemplo a construção de uma hidrelétrica, este empreendimento geralmente não
leva em consideração as demandas da comunidade local, em nome do
desenvolvimento econômico ela passa por cima e devasta comunidades inteiras em
nome do avanço. “O desenvolvimento sustentável é mais que crescimento. Ele
exige uma mudança no teor do crescimento, a fim de torná-lo menos intensivo de matérias-primas
e energia, e mais equitativo em seu impacto” (CNMAD, 1998, p. 56). Na
racionalidade do crescimento, não se leva em consideração o tempo de
regeneração da natureza, isso só ocorre se tiver algum custo. Há de se pensar
em uma mudança na qualidade do crescimento, não adianta crescer de maneira
descomunal a economia se a distribuição de renda não acompanhar esse
crescimento. Como já foi dito, a pobreza é um problema que incide sobre muitos,
mas afetam a todos direta ou indiretamente.
Há de se
pensar em um modo mais justo de usar o meio ambiente e de conviver com ele, não
tem como gerir um planeta finito que opera no modo de produção produtivista. A
ideia é usar a tecnologia em prol do desenvolvimento sustentável, ecologizar o
capital, internalizar custos no processo de produção, contribuindo para que o
desenvolvimento econômico e social caminhe juntos. Conservar a natureza é um
compromisso ético e uma obrigação moral para com as futuras gerações, e demais
seres que habitam a terra, não se pode fugir de tais responsabilidades. O texto
provoca afirmando que não existem vilões ou vítimas, mas que todos estariam em
melhores condições se fizessem o bom uso da empatia e pensasse como nossas
ações afetam os outros. Por isso, o
texto faz um chamado às lideranças políticas, cientistas e demais pessoas que
se mobilizem em prol do desenvolvimento sustentável, usando a tecnologia a
favor para prevenir e não remediar danos.
Concluindo,
acreditamos que o relatório Brudtland traz considerações importantes de como pensar
e repensar o modo de produção e de manutenção da vida na terra. Ademais, ele
aponta possibilidades, muitas destas até complexas e difíceis de pôr em prática,
mas o importante é que ele propõe alternativas para o desenvolvimento. O
relatório tem uma compreensão holística da sociedade, segundo ele, não tem como
se desenvolver de modo sustentável enquanto a fome, miséria e pobreza forem
presentes em diversos países. Outra abordagem interessante é que em nenhum
momento o texto cita país subdesenvolvido, ao contrário e até de modo positivo
usam termos como país em desenvolvimento, terceiro mundo e país
industrializado. De modo geral, o texto sugere a promoção da harmonia e
cooperação entre os países, entres pessoas e o ambiente para que se consiga
convergir para o mesmo objetivo que é o desenvolvimento sustentável.
Referência:
CMMAD - COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FVG, 1998. (cap. 2).
Como citar esse texto:
LOPES, G. A. H. Em busca do Desenvolvimento Sustentável. Estudos e Pesquisas Guarani no Vale do Itajaí. 11 jan. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3gW0HFX. Acesso em: dia, mês, ano.