sábado, 11 de janeiro de 2020

Em busca do Desenvolvimento Sustentável

                                                                      Guilherme Augusto Hilário Lopes

         As discussões acerca do desenvolvimento sustentável em escala global são recentes. O primeiro documento a tratar este tema em escala mundial foi o relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como relatório de “Brudtland”, criado pela ONU em 1987. De acordo com o relatório da CNMAD (1988, p. 46), “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Um desenvolvimento que não destrua e nem limite a capacidade das gerações vindouras de usufruir dos recursos existentes. Para que o desenvolvimento sustentável se torne possível, é preciso que necessidades básicas como saúde, moradia, saneamento básico, alimentação e educação sejam atendidas. Portanto, a diferença entre o desenvolvimento e desenvolvimento sustentável é que o primeiro só visa o crescimento econômico. Ele se reproduz em uma lógica destrutivista, pois só leva em consideração as cifras econômicas, não respeita ecossistemas, biodiversidade e usurpa recursos demasiados.
Já o desenvolvimento sustentável visa minimizar o máximo de danos causados ao meio ambiente, inclui-se aqui seres vivos e não vivos. Essa forma de desenvolvimento exige um baixo nível de consumo de recursos não-renováveis para que as gerações futuras possam também acessar estes recursos (CNMAD, 1988). O relatório explicita que a pobreza acentua as desigualdades e crises porque “[...] muitos dos problemas de destruição de recursos e do desgaste do meio ambiente resultam de disparidades do poder econômico e político” (CNMAD, 1988, p. 50).  Ou seja, as populações mais pobres por não possuir capital econômico e político ficam à mercê das decisões tomadas por um pequeno grupo, estas decisões na grande maioria das vezes não abarcam os anseios dessas comunidades.
Usamos como exemplo a construção de uma hidrelétrica, este empreendimento geralmente não leva em consideração as demandas da comunidade local, em nome do desenvolvimento econômico ela passa por cima e devasta comunidades inteiras em nome do avanço. “O desenvolvimento sustentável é mais que crescimento. Ele exige uma mudança no teor do crescimento, a fim de torná-lo menos intensivo de matérias-primas e energia, e mais equitativo em seu impacto” (CNMAD, 1998, p. 56). Na racionalidade do crescimento, não se leva em consideração o tempo de regeneração da natureza, isso só ocorre se tiver algum custo. Há de se pensar em uma mudança na qualidade do crescimento, não adianta crescer de maneira descomunal a economia se a distribuição de renda não acompanhar esse crescimento. Como já foi dito, a pobreza é um problema que incide sobre muitos, mas afetam a todos direta ou indiretamente.
Há de se pensar em um modo mais justo de usar o meio ambiente e de conviver com ele, não tem como gerir um planeta finito que opera no modo de produção produtivista. A ideia é usar a tecnologia em prol do desenvolvimento sustentável, ecologizar o capital, internalizar custos no processo de produção, contribuindo para que o desenvolvimento econômico e social caminhe juntos. Conservar a natureza é um compromisso ético e uma obrigação moral para com as futuras gerações, e demais seres que habitam a terra, não se pode fugir de tais responsabilidades. O texto provoca afirmando que não existem vilões ou vítimas, mas que todos estariam em melhores condições se fizessem o bom uso da empatia e pensasse como nossas ações afetam os outros. Por isso, o texto faz um chamado às lideranças políticas, cientistas e demais pessoas que se mobilizem em prol do desenvolvimento sustentável, usando a tecnologia a favor para prevenir e não remediar danos.
Concluindo, acreditamos que o relatório Brudtland traz considerações importantes de como pensar e repensar o modo de produção e de manutenção da vida na terra. Ademais, ele aponta possibilidades, muitas destas até complexas e difíceis de pôr em prática, mas o importante é que ele propõe alternativas para o desenvolvimento. O relatório tem uma compreensão holística da sociedade, segundo ele, não tem como se desenvolver de modo sustentável enquanto a fome, miséria e pobreza forem presentes em diversos países. Outra abordagem interessante é que em nenhum momento o texto cita país subdesenvolvido, ao contrário e até de modo positivo usam termos como país em desenvolvimento, terceiro mundo e país industrializado. De modo geral, o texto sugere a promoção da harmonia e cooperação entre os países, entres pessoas e o ambiente para que se consiga convergir para o mesmo objetivo que é o desenvolvimento sustentável.

Referência:

CMMAD - COMISSÃO MUNDIAL SOBRE O MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FVG, 1998. (cap. 2).

Como citar esse texto:


LOPES, G. A. H. Em busca do Desenvolvimento Sustentável. Estudos e Pesquisas Guarani no Vale do Itajaí. 11 jan. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3gW0HFX. Acesso em: dia, mês, ano.