Universidade Regional de Blumenau –
FURB
Centro de Ciências Humanas e da
Comunicação
Graduação em Ciências Sociais – 5
semestre
Disciplina: Etnologia
Indígena
Professor:
Marilda Rosa Galvão Checcucci Gonçalves da Silva
Acadêmica:
Beliria da Rosa Prado Brockweld
Data:24/06/2015
Jacupé, Kaka Werá, A
Terra dos Mil Povos: História Indígena Brasileira Contada por um Índio / Kaka
Wera Jacupé.-São Paulo: Peiropolis, 1998.-(Série educação para a paz)
Metodologia Utilizada
O autor mostrar as
culturas indígenas, como ela importante para os seus povos, como suas crenças
os fortalece, como sua alimentação que é totalmente diferente da nossa, pois
eles sequem uma dieta e tem seus horários totalmente diferenciados dos nossos
são importantes para sua saúde.
Kaka é um apelido, um escudo. De acordo a
nossa tradição, uma palavrar pode proteger destruir uma pessoa; o poder de uma
palavra na boca é o mesmo de uma flecha no arco, de modo que ás vezes usamos
apelido como patuás. (Mais adiante falarei sobre isso.)
Werá
Jacupé é o meu tom, ou seja, meu espirito nomeado. De acordo com esse nome,
meus espirito veio do Leste, fazendo um movimento para o sul entonando assim um
som, uma dança, um gesto do espirito para matéria, que nos apresenta ao mundo
como uma assinatura. Essa assinatura registrada na alma me faz algo como um
neto do Trovão, bisneto de Tupã. É desta maneira que somos nomeados, para que
não se perca a qualidade da Natureza de que descendemos.
Para cultura Guarani, na qual fui iniciado, em
São Paulo, onde nasci, o ato da nomeação é a manifestação da parte céu de um
ser na parte terra. O céu é um mundo espiritual, a raiz de todos nós. A terra é
a contraparte material do espirito. Esta cultura se fundamenta em uma tradição
que vem desde quando a noite não existia, chamada “Arundu Arakuaa”, que pode se
traduzir como “ A Sabedoria dos Ciclos do Céu” ou “O Saber do Movimento do
Universo”. E é também sobre os fundamentos dessa tradição que vamos falar. Eu Sou Kaka Werá Jacupé
Também
passei por cerimonias de iniciação e reverencia aos meus antepassados do
Araguaia, banhando –me e cantando em suas águas, com o acompanhamento de
parentes xavantes, seguindo um impulso do meu coração. Andei por cerrados, pela
Mata Atlântica, pelas serras, de aldeia em aldeia, de norte a sul do país, colhendo
sabedoria deixada por seres de cabeças brancas, seres de cabelo por nascer,
pelas plantas, animais, pedras. Mas nem sempre fui assim. Na minha infância me
distanciei da tradição quando fui estudar na escola pública, onde aprendi a
arte de ler e escrever. Após quase quinze anos longe de minhas raízes, iniciei
uma peregrinação a procura do meu espirito, que foi reencontrado novamente
entre os Guaranis e foi consagrado, depois de muitos atos de purificação de boa
parte de minhas ignorâncias e mazelas, no belíssimo Tocantins pela cultura
krahô onde passei a ser conhecido como Txutk,”semente do fruto maduro.
O índio não chamava nem chama a si mesmo de
índio. O nome “índio” veio traduzido pelos ventos dos marres do século XVI, mas
o espírito “índio” habitava o Brasil antes mesmo de o tempo existir e se
estendeu pelas Américas para, mais tarde, exprimir muitos nomes, difusores da
tradição do sol, da lua e do sonho. Então o que é índio, para o índio? Eu vou
responder conforme foi me ensinado pelos meus avós, através do Ayuu Rapyta,
passado de boca a boca com a responsabilidade do fogo sobre a noite estrelada,
e através das cerimonias e encontros por que tenho passado com os ancestrais na
terra e no sonho. Para aprender o conhecimento ancestral o índio passa por
cerimonias, que são celebrações e iniciações para limpar a mente e para
compreender o que nós chamamos de tradição, que é aprender a ler os
ensinamentos registrados no movimento da natureza interna do ser.
Os
Nanderus são os ancestrais do ser humano. Essas divindades têm muitos nomes,
pois somos muitas nações com muitas línguas diferentes, ou seja, muitas formas
de perceber as realidades sagradas. Esses especialistas da natureza podem ser
chamados de Entidades Sagradas, que juntamente com as Quatros Divindades
Dirigente, formam o que o índio chama de Ancestrais Primeiros. É da natureza do
índio reverenciar os ancestrais, os antepassados. Milhares de anos que este povo vem se
desenvolvendo por estas terras fundamentara-se três grandes tradições: Tradição
do sol, Tradição da lua e tradição do sonho. Atravessaram três estações
cósmicas: Jakairá, Karai e Tupã. Nessa quarta estação procuram fazer a síntese
das tradições anteriores, que podemos chamar de tradição da grande mãe, não
porque essa variedade de povos aqui existentes assim a nomearam, mas porque,
dentro da diversidade de ritos e culturas, têm em comum o culto e a reverencia
à Mãe Terra, que ofertava ( e ofertava) tudo que necessitam. A cultura a
reverencia a Mãe Terra, foi se formando através dos ciclos das estações da
natureza com os povos aqui existentes e houve um momento em que floresceu na
região amazônica, onde a sabedoria deixou rastros através dos fragmentos da
terra. O Que é Índio
Tupi,
Guarani, Tapuia, Xavante, Kamayurá, Yanomami, Txakarramãe, Kaingang, Krahô,
Kalapalo, Yawalapiti. São nomes que pulsam no chão dessa terra chamada Brasil,
formando suas raízes, troncos, galhos e frutos. São raças? Nações? Etnias? São
a memória viva do tempo em que o ser caminhava com a floresta, os rios as
estrelas e as montanhas no coração e exercia o fluir de si. Esses clãs, tribos,
povos têm uma árvore em comum que remete aos nomes: Tupy, Jê, Karib e Aruak.
Mas, antes da chegada das Grandes Canoas dos Ventos do século XVI, o que
podemos chamar de povo nativo era olhado e nomeado, do ponto de vista tupi,
como Filhos da Terra, Filhos do Sol e Filhos da Terra e filhos da Lua. Na
língua abanhaenga também dizi-se Tupinambá, Tupy-Guarani e Tapuia. Terra dos Mil Povos
Grande
parte da cultura dos povos nativos brasileiros traz em seus mitos, cerimônias e
filosofias (ligadas á Tradiçãodo sonho, do Sol e da Lua) um conjunto de
práticas e início desse ciclo que o Ayuu Rapyta foi disseminado entre os frutos
Tupinanbá e Tupy-Guarani.
O
primeiro ciclo foi regido por Jakairá, a dinvidade responsável pelo espirito,
pela substância, pela neblina e pela fumaça. O segundo ciclo, por Karai Ru Ete,
a dinvidade responsável pelo Fogo e pela Luz. O terceiro ciclo, por Tupã, a
divindade responsável pelos raios, trovões e águas. O quarto ciclo, por
Namandu, que se responsabiliza pela terra, mas que é O Grande Mistério. Namandu
antecede todos os ciclos e permeia todos; é a Grande Unidade, embora seja um
Ser Tribo. Cada ciclo se entrelaça com todos os reinos de vida: mineral, vegetal,
humano, supra-humano, divini, e se intercala em tons pelos três mundos que se
entremeiam e formam o mundo que vemos. Pela leitura da natureza, a aranha
ensina como funciona esse entrelaçamento e intercalação de mundos que é o
mundo. Na sua tecedura estão escritos os princípios da Tradição. Arundu Arakuaa
Foi durante o Primeiro Grande Ciclo da terra,
através de Jakairá, que ela foi verdadeiramente povoada. Era a época das
Tribos-Pássaros e dos Povos Arco-Íris.
Tupã
reagiu limpando todo o mal com o Sal da Terra. As Águas abraçaram a Mãe, para
que ela não morresse desse mundo. No ciclo anterior, de Karai, fora o fogo que
separou o que tinha que separar e uniu o que tinha que unir. E no primeiro
ciclo, de Jakaírá, foram os ventos. Tupã
Os
povos indígenas brasileiros, mais precisamente os Tupinambá e os Tupy- Guarani,
descendem de ancestrais chamados pelos antigos de Tubuguaçu, que detinham uma
certa sabedoria da alma, ou seja, do ayuu, o corpo som do ser. A partir dessa
sabedoria ligada a uma ciência do sagrado, desenvolveram técnicas - na verdade,
intuíram técnicas- de afirmar o corpo físico com a mente e o espírito. O Corpo-som do Ser
A
memória cultural se baseia no ensinamento oral da tradição, que é a forma
original da educação nativa, que consiste em deixar o espírito fluir e se
manifestar através da fala aquilo que foi passado pelo pai, pelo avô, e pelo
tataravô. A memória cultural também se dá através da grafia-desenho, a maneira
de guardar a síntese do ensinamento, que consiste em escrever através de
símbolos, traços, formas e deixar registrado no barro, no traçado de uma folha
de palmeira transformando em cestaria, na parede até no corpo, através de
pinturas feitas com jenipapo e urucum. A
memória Cultural
Alguns
exemplos: o povo Karajá mantém através da sua memória cultural o reconhecimento
como um Espírito-Mãe a que ele denomina Aruanã; o povo Tupy- Guarani mantém em
sua memória o reconhecimento de que foram gerados pelo Sol pela Lua quando
estes habitaram a Terra como Homem- Lua e Mulher- Sol: o povo Xavante pinta em
seu rosto um “girino” para referenciar a origem humana a partir das águas e
pinta o seu corpo de vermelho e preto com traços que aludem à ancestralidade.
Desses
povos, este solo guarda fragmentos milenares, que a arqueologia recompõe,
revelando aos pouco sua caminhada no início de seu florescimento.
Os
Tapuia, na visão dos tupinambás, precisavam acordar seus nomes. Já os
Tupy-Guarani acharam que eles precisavam recordar seus nomes. Aparentemente,
não há muita diferença entre um termo e outro. Mas isso significou maneiras
totalmente opostas de lidar com os filhos da terra. Os Ancestris
Pelos fragmentos espalhados através dos sítios
arqueológicos de norte a sul do Brasil, esse imenso quebra-cabeça que a Mãe
Terra nos legou claramente indica que um grande florescimento civilizatório
ocorreu justamente na região amazônica por volta de 4.000 anos atrás. Se
juntarmos a memória cultural dos povos às investigações da ciência, podemos ter
uma ideia do tipo de civilização que habitou ali por esse período. A Memória da Terra
Até
um passado recente, para se aprender a história de um período cultural
empregava-se normalmente a averiguação de documentos escritos; contudo, a
arqueologia é uma maneira de descobrir a reconhecer o passado através dos
objetos produzidos pelo homem, vestígios de suas casas, restos de alimentos,
instrumento de trabalho, armas, enfeites e pinturas. A esses objetos os
arqueólogos chamam “cultura material”.
·
Ambá Namandu- Morada dos Espíritos
Anciães.
·
Ambá Jakairá- Morada dos Espíritos Brumas.
·
Ambá Karai- Morada dos Espíritos Fogos.
·
Ambá Tupã- Morada dos Espíritos Trovões.
Dos
Ancestrais aos Antepassados
Sítio
arqueológico é um lugar delimitado onde se realizaram atividades humanas. Pode
ter sido um lugar onde moravam pessoas, como uma cabana de palha e madeira. Ou
uma caverna, um monte artificial, um cemitério ou um deposito de lixo. Ou ainda
um lugar ocupado provisoriamente para a realização de caçadas ou para pintar
uma parede. Os Sítios Arqueológicos
Enquanto
as águas engoliam uma civilização e pajés da sabedoria se preparavam para levar
o Arandu Arakua para Pindorama, o “ lugar dos buritis”, este já abrigava os
antepassados dos Tapuia. A paisagem da
Memória Tapuia
As
pistas deixadas pela Mãe Terra contam que em Minas Gerais, mais precisamente na
região de Lagoa Santa, há um s´tio arqueológico muito importante para o
conhecimento dos homens que viviam no Brasil entre 11.000 e 7.000anos atrás.
Descobrira-se nessa região cavernas com um grande número de sepulturas com mais
de duzentos esqueletos. E por esses esqueletos ficamos sabendo que as condições
de vida dessa época não eram fáceis. Um terço das crianças morriam ainda
pequenas e os adultos raramente ultrapassaram os trinta anos de idade. O Povo da Lagoa Santa
Há
aproximadamente 6,000anos as formações vegetais e as condições climáticas do
Brasil já eram semelhantes às de hoje: campos extensos no Sul, rodeados de
florestas subtropical pela costa litorânea, cerrados no Brasil central e as
grandes matas da floresta tropical amazônica. Nesse período, segundo a
arqueologia, alguns povos se adaptaram particularmente aos campos que ladeiam
as florestas do sul do Brasil
Nesse
mesmo período, aproximadamente 6.000 anos atrás, um outro povo vivia no sudeste
do Brasil. Desconheciam tanto o arco quanto a flecha bem como as boleadeiras,
segundo pesquisas feitas em seus sítios arqueológicos. Esses grupos foram
nomeados pelos pesquisadores “povo de Humaitá” ou povo dos bumerangues”, pois
encontraram se nessa região objetos lascados de pedra em forma de lua
crescente, também conhecido como bumerangues. O Povo da Flecha
Esse
povo habitava a floresta, ocupando as matas próximas aos grandes rios. Não
viviam somente da caça, mas coletavam moluscos fluviais e frutos silvestres. Este era chamado O Povo de Humaitá Guerreiros do Bumerangue.
Sabaqui
é um ajuntamento de conchas, restos de pontas de flechas, machados, cerâmicas,
esqueletos, localizado em diversas regiões do Brasil, principalmente no sul. Os
sambaquis mostraram aos historiadores (arqueólogos) a existência de comunidades
constituídas possivelmente de caçadores e coletores, que detinham uma arte
elaborada, expressa nos restos de cerâmica que contêm riqueza de símbolos e
originalidades de formas. O Povo dos
Sambaquis
Uma
Grande Modificação em algumas tribos brasileiras se deu com a descoberta e a
implantação de agricultura. Segundo a arqueologia, isso aconteceu há aproximadamente
4.000 anos. Com ela, o homem adquiriu a capacidade de controlar a produção de
alimentos, saindo da total dependência daquilo que a natureza espontaneamente
lhe oferecia. Alguns dos vegetais plantados pelos cultivadores do Brasil, como
milho, o feijão, o tabaco e o algodão, foram trazidos de outra região. Os
indígenas agricultores do Brasil, no entanto, desenvolveram seus próprios cultivos:
corantes, plantas medicinais, palmeiras. Uma de suas descobertas mais grandiosa
foi a do cultivo da mandioca, uma raiz de grande teor nutritivo, mas com
algumas espécies venenosas. A arte e a
Agricultura
Uma
das principais tradições cerâmicas é chamada pelos arqueólogos de “inicio
ponteada e se desenvolvendo sobretudo ao longo do rio Tapajós e Konduri. A mais
notável civilização amazônica se desenvolveu na foz do rio Amazonas, na grande
ilha de Marajó. Por volta de 3. 500anos atrás, um povo, chamado Ananatuba,
ocupou as regiões entre as praias e a mata, construindo grandes casas isoladas,
que talvez abrigassem 100 ou 150 pessoas cada uma.
Há
aproximadamente 1.800 anos teve início um grande processo de inovação e
mudança, que levou ao desenvolvimento de uma grande civilização, a chamada
“cultura marajoara”. Os marajoaras começaram a ser estudados há pouco tempo e
ainda não conhecemos muito sobre eles. A
Arte da Cerâmica e o Mistério de Santarém.
Embora
os sítios arqueológicos digam que a região amazônica tenha desenvolvido uma
arte maravilhosa através da cerâmica e da riqueza de seus símbolos, os
planaltos mais frios do sudeste brasileiro conheceram outro desenvolvimento
cultural, também concentrado na agricultura e na cerâmica, denominado pela
ciência “cultura de Itareré”. Entre 3.000 2.000 anos atrás, essa cultura tinha
ligações com as culturas pré-históricas do Uruguai e da Argentina. O Povo de Itararé.
Símbolos
serpentinos, triângulos, animais como a rã, a coruja, a onça, o gavião; símbolo
do feminino, da gravidez, da abundância, da prosperidade, assim como símbolos
de masculino, do sol, da flecha, da lança, da ação, estão presentes como
códigos universais em todas matérias achadas em sítios arqueológicos. Na
verdade, são fragmentos registrados da produção dos primeiros tempos após o
final do Ciclo de Tupã.
Na
região amazônica emergiram os antigos ensinamentos que são mantidos até hije em
ritos e mitos dos povos indígenas. Os antepassados Tupy atravessaram as águas
que apagaram o passado da raça vermelha, gerando os frutos Tupinambá e
Tupy-Guarani a partir do imenso amazonas. Os
Filhos do Sol, os Filhos da Lua e a Grande Mãe
Ao
Longo de cerca de 5.000 anos até a época da chegada dos portugueses, muitos
povos vindos do outro lado do oceano passaram pelo Brasil. Alguns vinham comercializar
com os antigos daqui, outros vieram se aventurar, e outros ainda para realiza e
operações até hoje misteriosas para os estudiosos, além de colonizações
esparsas. Por aqui apontaram egípcios, cananeus, tártaros, babilônios,
fenícios, hititas, hebreus. A presença deles está registrada em escritas
rúnicas, em pedras milenares, ou seja, a escrita dos vikings, assim também em
escritas de características, tártaras.
Esses
povos registraram sua passagem pelo litoral do sul do Brasil, desde Santa
Catarina, passando pelo Sudeste- São Paulo e Rio de Janeiro- até o norte do
país. Os Povos Visitantes e a Expansão
Tupinambá.
Cabe
lembrar que, na época em que Pero Vaz de Caminha escreveu a famosa carta ao rei
de Portugal, no Brasil existiam, segundo estudiosos, de 350 a 500 línguas
faladas e aproximadamente 20milhoes de habitantes. Era muito clara a
influenciado Tupy em grandes partes dessas línguas. As outra predominantes
eram: o Karibi, língua presente nas Antilhas (América Central), na América do
Sul e principalmente na região amazônica, no alto Xingu. Segundo alguns estudiosos,
o karibe e o Tupy podem ter o mesmo berço e sua origem ser justamente o Alto
Xingu, pois conservam algumas palavras em comum. \a língua aruak se faz
presente em mitos dialetos indígenas brasileiros, nas Guianas, bem como nas
Antilhas e na Flórida (Estados Unidos). O Que Não Foi Descoberto
Na
época da chegada de Pedro Álvares Cabral, a visão de mundo predominante nessa
terra era Tupi. Todos os outros povos não-tipis eram chamados por eles de
Tapuia, que na língua tupy significa “bárbaros”. Os Tupy dividiam então esta terra em Tapuiretama e Tupiretama: dos Tapuia
e lugar dos tupy. Na época os antepassados dos Tupy já haviam deixado uma
enorme herança cultural, de modo que havia duas línguas tupis distintas: Tupy
Guarani e Tupinambá, e em muitos dialetos de outros povos predominava o Tupy. Tapuia, Tupinambá e as Canoas dos Ventos
Esse
povo, cujo antepassados saíram há milênios dos centros amazônicos, expandiu-se
ao norte pelo rio Amazonas, ao sul pelo Paraguai, a leste pelo Tocantins e a
oeste rio Madeira. Viajantes, navegadores e guerreiros, mantinham sua unidade
cultural apesar da dispersão por esse imenso Brasil. Referiam-se as suas
origens dando nomes de aldeias de sua origem aos novos locais por onde
passavam, como uma ramificação do grande clã antepassado. Dessa forma eram
reconhecidos seus parentes. Da Expansão
À Escravidão
Segundo
os historiadores, os portugueses de 1500 tinham colonizado alguns lugares da
Àsia. Eles chamavam de colonização o ato de se estabelecerem terras estrangeiras
como se fossem deles, colocar nessas terras feitorias (sistemas encarregados de
aquisição de bens para a corte real portuguesa) em lugares considerados
importantes, geralmente próximos ao litoral, e a partir de seus feitores
realizavam a exploração e o comercio de riquezas do lugar. No Brasil, a partir
de 1500, após a chegada de Cabral, os lugares escolhidos foram Bahia,
Pernambuco e Cabo Frio, onde se estabeleceram os feitores, representantes do
rei na colônia e intermediários encarregados do comércio, principalmente da
ibirapitanga, o pau-brasil. Aos feitores cabia adquirir as mercadorias dos
Nativos e armazená-las. A Grande Noite da Terra
Essa
primeira ideia para a captura de escravos não deu certo. Isso porque um
guerreiro Tupinambá ou Tupy-Guarani não gostava de negociar um inimigo
capturado, pois fazia parte de sua cultura come-lo segundo os costumes rituais,
e também porque para um capturado era uma honra ser comido e não escravizado. A
colônia, nessa época, achava que os índios deveriam ser doutrinados
religiosamente. Nesse momento chegaram os jesuítas, cija tarefa era convencer
os índios a abandonar os costumes tidos como selvagens, os rituais profanos, a
antropografia, a nudez e a poligamia. Assim, em 1549 chegava a primeira missão
jesuítica por Manuel da Nobrega, composta de oito missionários, entre os quais
José de Anchieta. Guerras, Guerreiros e
Escravos
Destinada
a durar cinco anos, a oca era erguida com varas, fechada e coberta com sapé.
Seu tamanho dependia do número de pessoas que ali habitariam, que podia variar
de cinquenta a cem. Sem janelas, tinha uma abertura em cada extremidade. Estava
repartida em nichos, um diante do outro. Para erguer uma maloca, ou seja, um
conjunto de ocas, eram necessários de quarenta e cinquenta pessoas. Em cada
nicho pendurava-se uma ini, rede,ou esteira. Dentro de uma oca havia igaçabas
(potes), cuias, nhempepó (panelas), gamelas, porongos, arcos, flechas,
bordunas, aves, animais, no centro a tatarendaba (foqueira) sempre acesa. No
alto, o tipiti (espremedor de mandioca), a urupema (peneira grande). Puçá para
pescarias e o induá (pilão). Esses eram alguns dos costumes dos Tupinambá e dos
Tupinikim da época. A Aldeia Tupinambá
Quando
o Brasil foi dividido pelos dragões, os Tupuia se refugiaram no centro do pa´s,
lugar que futuramente seria conhecido como Goias. Dragões os governadores das
campinas. Por esse tempo, os Tupinanbá, distantes da Tradição do Sol, fizeram a
passagem para sua morada espiritual, a Terra sem males, pelo caminho da
Batalha. Os Tupy- Guarani, após dois séculos de guerras, buscaram a Terra sem males
pelo caminho da \oração, através de seus cantos e peregrinações a lugares de
Poder, ou seja, lugares que ligam os mundos do Céu e da Terra através de tapés,
que são portais de luz. Os Tapuia seguiram o Sonho. E nessa época, dos antigos
povos Tapuia, os que mais preservaram a tradição do Sonho foram os Xavante. O
sonho é o momento sagrado em que o espírito está livre e em que ele realiza
várias tarefas; purifica o corpo físico sua morada; viaja até a morada
ancestral; muitas vezes, voa pela aldeia; e algumas vezes, através de
Wahutedew´á, o Espirito, do Tempo, vai até as margens do futuro, assim como
caminha pelas trilhas do passado. Era o Sonho que centralizava uma aldeia
xavante. O Sonho da Panificação do
Branco
Para
o povo indígena, os ancestrais que regem a natureza acompanha toda a evolução
humana, como semeadores que regem a natureza acompanham toda a evolução humana,
como semeadores que espalham sementes pela terra observam, nutrem e cuidam até
elas frutificaram. O índio surgiu desses ancestrais sagrados: sol. Lua,
arco-íris, terra, água, fogo e ar. Dos reinos vegetais, animal, mineral. O ser
índio foi se amalgamando com esses seres sagrados. E dessa diversidade
emergiram tribos, povos, línguas. Essas tribos, de tão antigas, guardam a
história de suas civilizações como um sonho-memória, de um tempo tão remoto que
parece até mesmo anteceder a memória do tempo. Esse sonho-memória foi ativado a
tradição dos povos de Goiás, Mato Grasso, Minas Gerais. Os Avanços do Sonho
Os
olhos e as mentes intelectuais da humanidade começaram no século XX a
reconhecer os povos nativos como culturas diferentes das civilizações oficiais
e vislumbraram contribuições sócias e ambientais deixadas pelos guerreiros que
tiveram os sonhos como professores. Mas a maior contribuição que os povos da
floresta pode deixar ao homem branco é a pratica de ser uno com a natureza
interna de si. A tradição do Sol, da Lua e da Grande Mãe ensinam que tudo se
desdobra de uma fonte única, formando uma trama sagrada da relações e
inter-relações, de modo que tudo se conecta a tudo. O pulsar de uma estrela na
noite é o mesmo do coração. Homens, árvores, serras, rios e marres são um
corpo, com ações interdependentes. Esse conceito só pode ser compreendido
através do coração, ou seja, da natureza interna de cada um. Quando os humanos
das cidades petrificadas largaram as armas do intelecto, essa contribuição será
compreendida. Nesse momento, entretanto entraremos no Ciclo da Unidade, e a
Terra sem Males se manifestará no reino humano. Somos Parte da Terra e Ela é Parte de Nós
Alguns
mitos indígenas dizem que o território situado entre o que é hoje o Planalto
Central e a região amazônica guarda a memória do começo do planalto Central e a
região amazônica guarda a memória do começo do mundo. Os povos que habitavam
próximo ao rio Tapajós deixaram uma arte complexa e bela, admirada até hoje no
mundo inteiro. Uma das uma arte complexa e bela, admirada até hoje no mundo
inteiro. Uma das culturas que se desenvolveram naquela região é a tradição
marajoara, devido a já citada cerâmica. Baseados em relatos colhidos a partir
do início do século XVI, inicialmente por aventureiros em busca do Eldorado,
como Francisco de Orellana, e posteriormente por jesuítas, dos mitos nativos e
da ciência antropológica, desenvolveu-se ali uma civilização que primava pela
arte que cultuava a Grande Mãe, ou como prefere a arqueologia, idolatrava
ídolos femininos. O Começo do Mundo
No
princípio o mundo não existia. As trevas cobriam tudo. Enquanto não havia nada,
apareceu a mulher por si mesma. Isso aconteceu no meio das trevas. Ela apareceu
sustentando-se sobre o seu banco de quartzo branco. Enquanto aparecia, ela
cobriu-se como enfeites e fez com um quarto. Esse quarto chama-se Uhtaboho
taribu, o quarto de quartzo branco. Ela se chamava Yebá Burô, a Avó do Mundo,
ou Avó da terra. Origem do Mundo e da
Humanidade
Depois
ela pensou em colocar pessoas nessa grande maloca do universo. Voltou a mascar
ipadu e de fumar cigarro. Todas essas coisas eram especiais; não eram feitas
como as de hoje. Ela tirou ipadu da boca e fez transformar em homens, os Avôs
do Mundo. Eles eram trovões, eram chamados em conjunto Uhtabohowerimahsã, quer
dizer, homens de quartzo branco, porque eles são eternos, eles não são como
nós. Isso ele fez no quarto de quartzo branco, onde ela apareceu. Em seguida,
ela saudou os homens por ela criados, chamando-os Umukosurã, isto é, irmãos do
mundo. Saudou-os como se fossem seus irmãos. Eles responderam chamando-a
Um ukosurãnehko, isto é tataravó do mundo. Quer dizer que ela era avó de todo
ser que existe no mundo. Os Cinco
Trovões
Criador,
cujo coração é o Sol, tataravô desse Sol que vemos, soprou seu cachimbo sagrado
e da fumaça desse cachimbo se fez a Mãe Terra. Chamou sete anciães e disse:
“Gostaria que criassem ali uma humanidade. Os anciães navegaram em uma canoa
que era uma cobra de fogo pelo céu; e a cobra- canoa levou-os até a Terra. Logo
eles ali depositaram os desenhos-se-mentes de tudo o que viria a existir. Então
eles criaram o primeiro ser humano e dissera: Você é o guardião da roça. Estava
criado o homem. O primeiro homem desceu do céu através do arco-íriss em que os
ancães s e transformaram. Seu nome era Nanderuvuçu, o nosso Pai Antepassado, o
que viria a ser Sol. E logo os anciães fizeram surgir das Águas do Grande rio
Nanderykei-cy, a nossa Mãe Antepassada. Depois que eles geraram a humanidade,
um se transformou no Sol, e a outra na Lua. São nossas tataravós. Um Mito Tupy- Guarani
Dois
homens foram postos na Terra por meio do arco –íris. Eram Butsewawe e Tsa amri.
Seus nomes foram dados pela Voz do Alto. Eles tiveram compaixão um do outro
porque não havia companheira. Após sentir tal compaixão, a Voz do Alto disse:
Tire quatro pauzinhos e coloque dois de cada lado. Risque um de vermelho e um
de preto. Terminando o trabalho, Butsewawe chamou Tsa amri e disse: Escolha
conforme a sua preferência. E Tsa amri escolheu o pauzinho de risco vermelho. O
pauzinho de risco preto ficou para Butsewawe. E ogo depois, surgiu uma mulher
para Tsa amri, do pauzinho vermelho. E do pauzinho preto surgiu uma mulher para
Butsewawe. Daí aconteceu o primeiro casamento e os dois entenderam o
significado do pauzinho da
Seguinte
maneira: a cor do pauzinho que tinha transformado em mulher era conforme a
escolha deles, a marca do clã, estabelecendo assim a organização da decência.
Depois disso cada um deu o nome para sua própria mulher. A origem do Mundo Segundo os Xavante.
Essas
histórias revelam o jeito do povo indígena contar sua origem, a origem do
mundo, do cosmo, e também mostra como funciona o pensamento nativo. Os
antropólogos chamam de mitos, e algumas dessas histórias são denominadas
lendas. No entanto, para o povo indígena é um jeito de narrar outras realidades
ou contrapartes do mundo em que vivemos. De maneira geral, pode-se dizer que o
índio classifica a realidade como uma pedra de cristal lapidado que tem muitas
faces. N´s vivemos em sua totalidade, porém só aprendemos parte dela através
dos olhos externos. Para serem descritas, é necessário ativar o encanto para
imaginarmos como são as faces que não podem ser expressas por palavras. A Criação do Mundo Segundo os Yanomami
Os
povos chamados “Tapuia” npo século XVI pelos Tupinambá e “negros da terra”
pelos primeiros colonos portugueses de São Paulo são catalogados hoje por
antropólogos em número de 206 “nações” indígenas, somados os que restaram dos
guerreiros descendentes dos Tupy. No correr destes últimos quinhentos anos, a
civilização ocidental cresceu, expandiu-se e, principalmente no século XX,
voltaram a encontra-los, e até hoje, de vez em quando, topam com povos nunca
antes visto, nem pelos próprios Tapuia. Nesta década, a partir de 1980,
historiadores e antropólogos procuraram fazer um levantamento da contribuição
nativa para a sociedade brasileira. Embora não reconhecida pela sociedade, é
enorme a contribuição indígena à cultura brasileira. Infelizmente, há também a
exploração do saber indígena, por exemplo, em relação à fitoterapia por parte
de laboratórios farmacêuticos estrangeiros com falsos intuitos científicos e
grandes propósitos de lucro fáceis. A
Contribuição Tapuia à Cultura Brasileira
Fato
desconhecido pelo ocidental, a terra já era cultivada pelos indígenas. A
exemplo disso, os Kayapó, apesar da diversidade ecológica das savana e
cerrados, sabiam que o ciclo das chuvas e secas fornecem grande abundância de
recursos naturais. Assim, os Kayapó localizavam depressões no terreno de 1 a 2
metros de diâmetro e de50 a 60 centímetro de profundidade as preenchiam como
palha misturada como cupinzeiros de pedaços esmagados de formigueiros, bem como
cupins e formigas vivas, para que estes brigassem entre si, deixando assim os
brotos em paz e decompondo e agregando nutrientes ao solo, onde plantavam
espécies úteis, formando ilhas de florestas em pleno cerrado. Essas ilhas são
compostas de arvores frutíferas que atraem caça, trepadeiras que produzem agua potável,
árvores que dão sombra, lenha, formando espécies semidomesticas e ilhas de
recursos. Afora esse método, também outros ameríndios faziam o remanejamento
internacional do hábitat a fim de estimular o crescimento de comunidades
vegetais e a sua integração com comunidades animais e com o próprio homem. Cultivo da Terra
Não
existe um levantamento exato das espécies vegetais conhecidas e utilizadas
pelos indígenas, mesmo porque os índios “batizam” as plantas em sua língua
nativa. Assim, muitas espécies ainda não têm equivalentes ás plantas
cientificamente catalogadas. As numerosas espécies de planta usadas pelos
indígenas, umas silvestres, outras cultivadas, são empregadas para diversos
fins, tais como alimentação, tecnologia (construção de casas, meios de
transportes, utensílios domésticos e de trabalho), ornamentação pessoal e
produção de corantes, venenos ou drogas; uso magico e jogos. Classificação de Plantas
Entre
o final do século XIX e o ìnicio do XX, um médico e historiador paraguaio,
profundo estudioso do povo guarani, Dr. Moisés Santiago Bertoni, autor de uma
grande obra intitulada A Civilização Guarani, incluiu em um dos seus volumes o
relato das contribuições que a cultura nativa havia deixado para a saúde, a
ética e a filosofia, pois tais contribuições poderiam ser de grande utilidade
para a então sociedade emergente, ocidental e mestiça, que, de certa forma,
resulta na civilização atual. Bertone enumera as seguintes contribuições,
higiênicas, cientificas e cabíveis em qualquer sociedade. Contribuição Para a Saúde, a Ética e a Filosofia
Só
quebrado na época das guerras e sistemas de escravidão do passado, obrigou
muitas vezes a alterar o ritmo tradicional, que consistia em banhos frequentíssimos;
a sabedoria de saber empregar exercícios físicos com moderação desde a infância,
na forma de ritos interativos com a natureza e através de arte da dança e dos
cantos; a utilização do jejum com higiene interna, como medicamento e como
fortalecimento espiritual. O respeito ao ritmo e ciclo de organismo e das
funções orgânicas, através do descanso apropriado e da atividade correta,
reconhecendo o sono como sagrado tanto como a ação. A alimentação a base de
frutas, mel, raízes (mandioca, Batata, Milho, etc.) sementes energéticas
(amendoim guaraná e feijão, etc.., a
carne de peixe dentro do ciclo da estação propícia, e a carne de animal somente
de maneira ritual, muito bem assada, para eliminar toxinas e a ligação psicoespiritual
do sofrimento. O uso da bebida levemente ferventada ao invés da bebida
alcóolica, consumida de maneira moderada. O
segredo da Boa Saúde, a Ética e a filosofia
A
pratica da filosofia guarani, ensinada nas aldeias, é a arte domínio sobre si
mesmo. O desenvolvimento capacidade de lidar com suas dores físicas e morais
invocando sempre o espirito da sabedoria. O domínio sobre si mesmo começa na
infância as crianças são conscientizadas da diferença entre alimentação e gula.
Os ritos de passagem criança-jovem-adulto têm por finalidade ética atentar para
o domínio dos reflexos, dos sentidos, dos desejos e paixões. Nunca tais ritos
tiveram ou tem por premissa repressão e sim o desafio de viver no espaço da
liberdade. Por isso, não se castiga os filhos, mas estimulam sua liberdade
individual e contam com o ciclo do tempo e das estações internas do ser para
aos poucos mostrar-se a responsabilidade da liberdade. O Desenvolvimento Ético
A
Tribo dividiu-se para multiplicar as experiências do ser. A tribo surgiu no
mundo externo para o ser conseguir suportar a sua grande noite. Assim pensam os
Kaiowá, os seres da mata. Na tradição guarani, cada coisa que vemos hoje é uma
imagem da imagem da imagem do que verdadeiramente é; por isso, recorre-se aos
cantos de origem e as danças do clã, para suportarem ser um pápilo reflexo do
ser. Uma imagem que se esvanece diante da raiz ancestral. Para os Bororo, somos
o eco dos ancestrais; por isso, habitamos na caverna do mundo, e das visões
ancestrais temos as estrelas. As estrelas são os nossos avós irmãos mais
velhos. Amanhã seremos estrelas e também e deixaremos ecos nesta caverna. Esta
caverna é sagrada, a escola onde o som aprende a fazer brilhar seu pulsar. A Educação da Tribo
Quando
se percorre o caminho do guerreiro, o aprendizado baseia-se na seiva da memória
que percorre das raízes, passando pelo tronco, aos galhos e folhas dessa árvore
da vida que busca o sol. Como já disse, pela memória sabe-se que tribo e
espirito acontecem juntos. O espirito acontece dentro de você é uma
interconexão de mitos. No caminho do guerreiro, cabe a você discernir os seus
mitos, os verdadeiros e os falsos. O que foi tecido pelos fios divinos e o que
foi tecido pelos fios humanos. Cabe a você desafiar. Quando você principia a
discernir, você torna-se um txucarramãe, ou seja, torna-se um guerreiro sem
armas. O Espirito do Espirito
Índio,
clã tribo, espírito se integram de tal maneira que não se carece de religião,
no sentido ocidental da palavrar e também no sentido do que fizeram do sentido
original da palavra. Conforme se diz, a palavrar vem do latim religare,
religar. Religar com algumas coisas. Com o Divino, como Deus. Foi essa ideia
trazida para estes trópicos no século XVI. Vimos que no decorrer deste século
tem-se tentado manifestar essas ideias nos templos, catedrais, capelas, livros.
E vê-se que essa idéia não se manifesta na atitude da civilização. Enquanto
isso, o espaço entre a idéia e a atitude tem gerado a miséria humana. A palavra
corre pelo governo humano sem espírito, sem cumprimento do que se diz. Pois
palavra e espirito estão longe. A voz sai morta, porém recheada de maquilagem
para dar a impressão de vida. A palavrar assina tratado de paz enquanto a mão
acena guerra. A religião é surda, pois o espirito está mudo. A Surdez a Audição da Religião
Existem
algumas características fonéticas na estrutura da língua indígena totalmente
diferentes das da língua portuguesa. Como a cultura indígena é tradicionalmente
oral e no passado possui uma escrita ideogramática, suas expressões foram
adaptadas para a gramática ocidental. No
Brasil, foi José de Anchieta quem primeiro organizou a gramática indígena, no século
XVI, unificando os falares da floresta a uma língua boa. A partir do século
XVIII agregaram-se as influencias Karib e aruaK da região amazônica. O
nheengatu, ou nhencatu, foi a língua oficial brasileira até o século XIX- o
português era falado somente pela corte nas reuniões parlamentares. Mas através
de um decreto, d João VI determinou a proibição da fala dos chamados
brasilienses, os mestiços descendentes da as das três raças que formaram o povo
brasileiro, para que Portugal não perdesse a hegemonia política e cultural.
Assim, o português foi se impondo nestes últimos duzentos anos e acabou se
tornando a língua oficial do país. Gramática
Indígena
A
língua indígena, principalmente o tupy, através dos tupinambás, está presente
hoje no nosso cotidiano: na fauna, flora, topônimos e expressões cotidianas.
Estudiosos verificaram, por exemplo, que de mil nomes de aves 350 eram
designações tupis, de 550 peixes, metade é identificada com nomes tupis, e a
geografia brasileira é principalmente batizada com nomes nativos. E até hoje
temos a presença do nheengatu- basta observar a fala brasileira do interior e o
português cotiando das cidades: “ Chega
de nhenbenbe´m. (nbem= fala, na língua tupi)
“
Não dixe a peteca air” (peteca, palavra tupi, que significa “bater com as
mãos”)
Algumas
palavras: soco, socar, amendoim, paca, jacu, Tainá, Jacaré, pitanga, caipira,
caipora, caiçara, Cumbica, cumbuca, iara. Contribuições
da Língua Indígena para o Brasil
Em
julho de 1997, a Fundação Peirópolis teve a oportunidade de participar da
Conferência Internacional de Educação em valores Humanos, na Índia. Nosso
coração bateu mais forte quando nos deparamos com o número de participantes:
mais de 20 mil pessoas, educadores e jovens, compartilhando seu conhecimento,
suas experiências e seus anseios. Era gente do mundo todo, de diferentes
culturas, com diferentes visões de mundo. O retrato de um renascimento. Uma
fotografia da rica paisagem mental que ainda tem espaço no mundo, foca no amor,
na paz, no respeito pelas diferenças e na busca de propostas integradoras que
possam alterar os rumos da vida neste planeta. Um Novo Olhar
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